Ontem fui visitar a exposição dedicada a Fernando Pessoa.
Uma oportunidade para reviver os seus heterónimos, descobrir as diferenças de cada um na escrita e na forma de ver e viver a vida, a simplicidade de Alberto Caeiro, o futurismo de Álvaro de Campos, o pessimismo e o dramatismo de Ricardo Reis e as palavras de Bernardo Soares no livro do Desassossego.
No início da exposição é-nos dado a conhecer um pouco melhor cada um destes heterónimos; num segundo espaço, acompanhamos através de uma cronologia a vida de Pessoa, a sua família, as suas conquistas e os seus estudos.
Mais à frente parece que finalmente estamos preparados para viajar sensorialmente através do espaço e da palavra.
As palavras divagam pelas pareces, ora reflectindo-se, ora avançando para nós... Ali a poesia é rainha e somos convidados a desenhar um percurso naquela sala pouco iluminada numa atmosfera íntima.
Fica a sugestão até dia 29 de Abril.
Partilho alguns excertos deste plural poeta...
Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive. Ricardo Reis
O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê,
Nem ver quando se pensa.
Mas isso (triste de nós que trazemos a alma vestida!),
Isso exige um estudo profundo,
Uma aprendizagem de desaprender. Alberto Caeiro
Nunca amamos alguém.
Amamos, tão somente,
a ideia que fazemos de alguém.
É a um conceito nosso — em suma,
é a nós mesmos — que amamos. Bernardo Soares, in Livro do Desassossego
Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
c
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
c
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas. Álvaro de Campos
c
*(fotos retiradas do site da Fundação Calouste Gulbenkian)
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